sábado, 7 de novembro de 2009

Por terras da China....

Por terras da Republica Popular da China anda a nossa conterrânea Professora Liliana Gonçalves e que me envio a seguinte texto:

Há tempos que a minha mãe me pede para escrever sobre a vida na China. Ela insiste que eu devo escrever sobre a minha experiência e publicar os textos no Blog da Freguesia da Facha. Hoje, porque gosto muito dela, faço-lhe a vontade, apesar de não saber bem por onde começar nem se este tipo de informação vos interessará…
Quando colocamos os pés neste país enorme, no meu caso na cidade de Pequim, não estamos de facto com os pés bem assentes na terra. Andamos na descoberta durante uns tempos: a Grande Muralha é imponente, a Cidade Proibida é um lugar misterioso, o Palácio de Verão é belíssimo, o Templo do Céu é uma lição de cultura, o Templo de Confúcio transmite calma, a gastronomia é extremamente variada, os chás não têm fim, os chineses são simpáticos e simpatizam com os estrangeiros… Há um sem fim de maravilhas a descobrir!
Passados uns tempos, depois de percebermos onde viemos parar, verificamos que a língua será a principal dificuldade, pois estudá-la leva anos e, entretanto, temos de ir ao mercado, ao banco, a um restaurante, enfim, ter uma vida o mais independente e normal possível, sem desperdiçar muito tempo na enormidade da cidade.
Como sabem, o mandarim, língua oficial, possui quatro tons, ou seja, para falarmos bem temos de “cantar” (gosto de usar esta expressão) as palavras no tom certo. Ora, isso nem sempre acontece. Ou melhor, muitas vezes, especialmente no início, não somos capazes de produzir ou lembrar o tom de algumas palavras. Assim, por vezes, pensamos que estamos a dizer “baixo” e, na verdade, como errámos o tom, dissemos “amor”. Outras vezes, queremos encomendar comida para levar para casa (“take away”) e acabámos por pronunciar uma expressão pouco simpática. Outras vezes ainda, precisamos de repetir a mesma expressão umas três ou quatro vezes até que nos entendam (até “cantarmos” o tom certo, digo eu).
Claro que em Pequim há cada vez mais pessoas que falam ou, pelo menos, arranham o inglês. Na verdade, os chineses adoram estudar línguas e admiram os poliglotas. “Oh, fala inglês, alemão e mandarim? Muito bem, muito bem”, dizem eles com uma pontinha de inveja.
Estudar chinês aqui também não é difícil. Basta ter tempo (muito tempo!), algum dinheiro e força de vontade (muita força de vontade!), pois há imensas universidades que oferecem cursos de chinês para estrangeiros. Além das universidades, também há escolas de língua por toda a cidade com horários mais flexíveis para pessoas que trabalham. E materiais também não faltam: CD, DVD, livros, CD-Rom… há de tudo para pôr mãos ao estudo.
Em relação à Língua Portuguesa, hoje em dia, estudá-la nas universidades chinesas também já é possível, uma vez que a China tem cada vez mais relações comerciais, especialmente, com a Angola e o Brasil e necessita de pessoas que dominem a nossa língua. Ser fluente em português permite aos chineses obter bons empregos. Em Pequim, por exemplo, há quatro universidades onde é possível tirar uma licenciatura em Língua Portuguesa. Aqui os professores chineses de português não têm de se preocupar muito com o desemprego. O único problema poderá ser o salário que é bastante baixo, mesmo para um professor universitário.
Claro que os salários acompanham, de certa forma, o nível de vida das pessoas. Os bens essenciais, como todos sabem, são muito baratos. Hoje, por exemplo, fui ao mercado e comprei um quilo de maçãs, um de bananas e um de tangerinas. E quanto gastei? Apenas 1, 60€. Inacreditável, não é? Devo, no entanto, dizer que não moro no centro da cidade, onde estes produtos são um pouco mais caros. Aliás, como seria de esperar, na zona das embaixadas, os supermercados praticam preços altos, quer se trate de produtos nacionais quer sejam estrangeiros.
De facto, penso que vale a pena visitar este país. A minha mãe também sabe disso, mas a viagem é tão longa...! Desculpas! A viagem de Paris a Pequim demora cerca de dez horas e no avião há sempre distracções: filmes, música, comida e a possibilidade de dormir. Não custa nada!

Liliana Gonçalves


Professora Liliana, muito obrigado por este texto que expressa bem a vivência aí na Republica Popular da China, quando quiser o Blog esta disponivel para receber mais Posts.